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31/12/2021

Resenha: A Parca




Título: A Parca
Autor(a): Kildary Costa
Número de páginas: 421 (e-book)
Sinopse: Perséfone não tem nem vinte anos, mas já viveu uma grande tragédia. Ou melhor, duas. Desnorteada com as mortes repentinas de sua irmã e seu pai, junta-se ao seu irmão Dionísio e seus amigos, que especulam sobre o que existe no pós-morte, e começa a desvendar os segredos da comunicação com as almas dos falecidos. Em meio a lembranças, sonhos e redescobertas, Perséfone inicia uma jornada de autoconhecimento à medida que adentra um novo mundo, estranhamente familiar, onde nossas histórias são criadas, percebendo que os destinos de todos que conhece estão entrelaçados, e que o próprio mundo pode estar em risco. Afinal, quem traçou esses caminhos?

''A morte sabe seu lugar e nunca se demora muito no meio da rua. Logo, tudo está normal, pois a rua é lugar de vida.''

 

Olá, pessoal! Como estão? Trago agora a última resenha de 2021, uma obra do autor parceiro Kildary Costa. Esse ano percorremos um longo caminho, não foi? Por falar em longo caminho, é muito interessante mencionar isso porque essa leitura traz uma gama de reflexões, então eu terminei ontem o livro e fiquei bons minutos me sentindo totalmente longe de tudo, com a mente aérea bem pensativa. Já adianto, é uma leitura que nos faz pensar bastante na vida.


Comecei a ler A parca e me surpreendi porque é uma leitura que conversa muito com a gente em diversos momentos. Digo que conversa conosco pois apesar de ser uma escrita um tanto mais complexa em determinados pontos, ela flui. Nos sentimos muito próximos de tudo aquilo. O autor conseguiu fazer com que o leitor não se sinta alheio ao que está acontecendo e isso faz com que a narrativa seja passada com mais clareza. Além disso, há um toque muito íntimo porque em diversos momentos a protagonista se dirige diretamente ao leitor e isso traz bastante conexão.


Perséfone é uma jovem que teve a sua vida marcada por duas grandes tragédias, a morte de dois entes queridos. Isso, sem dúvidas, abala muito a personagem porque não é fácil lidar com esse sentimento de perda. Um dos pontos que faço questão de salientar, logo no começo, é a escrita do autor, que é bem inteligente e rica, uma linguagem direta e até sofisticada e ao mesmo tempo com doses abstratas, isso é intercalado com muita sabedoria. É um livro que traz também muita metáfora e eu amo essa figura de linguagem, e como o próprio autor menciona em determinada parte do livro, a metáfora não se explica.


Sabendo disso, o seu irmão Dionísio a leva à uma sessão para comunicar-se com aqueles que já se foram, mas, na verdade, não é uma tentativa de falar com os mortos, porque como o próprio personagem coloca, o morto não tem nada a dizer, mas sim, falar com o vivo, que está vivo, mas que em um outro plano. O livro nos traz um olhar muito sensível sobre essa questão da morte, e ao mesmo tempo com uma narrativa muito realista, é interessante a maneira como isso foi dosado.


''As estrelas eram as minhas esmolas, que me lembravam minhas antigas fortunas.''


Você visualiza os personagens como se estivesse realmente dentro das cenas. Os amigos deles aparecem e os diálogos são bem construídos e divertidos. As histórias contadas são excelentes e eu me vi totalmente surpresa e chocada com várias delas e foi uma sensação maravilhosa. Em determinadas histórias o leitor praticamente se sente sentado na roda de conversa e quase dizendo ''continua! conta mais!''


É uma leitura complexa. Por mais que eu passasse horas falando, você precisaria ler para realmente entender o universo que abarca. O livro versa trazendo um lado espírita, religioso, mas também da própria ciência, o que cabe ao leitor determinadas coisas decidir, mas a leitura é muito maior que isso. 


''Sonhos são assim. Quando você acorda, eles se desfazem como um desenho em papel de seda na chuva.''


São tantos quotes e passagens incríveis que ficou difícil decidir quais delas eu traria para colocar aqui nessa resenha. O livro aborda a questão da relação familiar, das amizades, o luto, união e diversos outros assuntos de suma importância, até mesmo a maneira como você vê a vida. Os personagens são cativantes à medida em que você os conhece cada vez mais.


A narrativa intercala entre presente e passado e sonhos. É uma leitura que você precisa se concentrar e focar nela, cada detalhe faz diferença. O próprio final me tocou muito e, se tivessem mais páginas, eu as leria sem pensar duas vezes. Independente do que você acredita, eu indico que você leia, porque esse livro está muito acima de religião ou qualquer ceticismo. É um enredo que é difícil de se explicar, porque parece que nada do que eu diga vai descrevê-lo com exatidão. 


A parca toca nossos corações, nos faz refletir sobre a vida, o que fazemos, a importância de tudo e como escrevemos a nossa história.


Já conheciam esse livro? Como essa é a última resenha do ano, já deixo meus sinceros agradecimentos pela companhia de vocês durante todo esse tempo e os meus votos de muita paz e saúde para esse novo ano. Que seja de muitos sorrisos e muita luz! 


Beijos! Me encontrem no instagram em @dearmasen

20/11/2021

Resenha: A borboleta, o sonho e o corvo

 



Título: A borboleta, o sonho e corvo
Autor(a): Andreia Fernandes
Número de páginas: 274
Sinopse: A narrativa de três personagens se entrecruzam em A borboleta, o sonho e o corvo, novo romance de Andreia Fernandes. Santiago, um advogado em crise existencial, tem a visão de um crime que aconteceria dentro do metrô. O episódio se deu quando ele estava no meio da rua. De repente, tudo escurece, a visão se manifesta e uma borboleta voa em meio ao breu. Ele pensa que enlouqueceu. Alguns dias se passam e o incidente aparece estampado nos jornais. Outras visões acontecem. Sempre da mesma forma. A escuridão, a visão, a borboleta. E os crimes, semanas depois. Outra coisa estranha lhe acontece: passa a se lembrar com frequência de uma antiga paixão que nunca esquecera totalmente. Teresa volta ao Brasil para enfrentar seu passado. Há anos, descobriu que os atestados de óbitos dos pais eram falsos. Eles desapareceram durante a ditadura e ela tentou encontrar seus corpos. Diante de ameaças, abandonou tudo, inclusive uma grande paixão e foi morar no exterior. Agora, resolve resgatar a sua história. Mas volta a sonhar com um corvo que a persegue. Dr. Rogério é médico. Trabalhou no IML do Rio nos fins dos anos 60. Por acaso, teve um affaire com Teresa, assim que ela voltou ao Brasil. Ao descobrir sua identidade, não quer que o passado seja revelado. O romance se desenrola acompanhando esses personagens. Embora nunca se encontrem, eles vão se engendrando numa mesma trama. Santiago questiona a própria lucidez, mas segue obcecado por suas visões e tenta impedir que as mortes se concretizem. Teresa, na busca pelos corpos dos pais, enfrenta seu passado sem perceber o perigo que a espreita. E Dr. Rogério persegue aqueles que julga serem seus algozes.

''Somos espantalhos de nós mesmos... [...] Precisamos nos defender dos pássaros agourentos que vêm nos devorar as estranhas...''


Olá, gente! Estou voltando essa semana com mais uma resenha. Dessa vez, do livro ''A borboleta, o sonho e o corvo'', da autora parceira aqui do blog Andreia Fernandes. 


Para começar essa resenha, não vejo outra maneira do que dizer logo de cara que essa é uma leitura que você precisa fazer com calma. Isso mesmo! É uma obra que você precisa parar, focar e se concentrar por completo em cada mínimo detalhe, porque um trecho que passar despercebido pode fazer muita diferença. Então, desde início, sigam atentos!


A obra traz a narrativa de três personagens, o Santiago, a Teresa e o Rogério, que, de alguma maneira, possuem suas vidas entrelaçadas. Antes de adentrar mais na história, é importante saber um pouco sobre cada personagem.


Pois bem, a princípio, falaremos da Teresa, uma mulher que passou um tempo morando fora do Brasil e teve sua vida colocada de cabeça pra baixo ao descobrir que os atestados de óbito dos seus pais foram falsificados. Sendo pega de surpresa, não é de se espantar a indignação que toma conta de si ao ver que não tinha conhecimento de algo de tamanha magnitude. Falar dela e não destacar a sua amiga Margot é impossível, uma pessoa de alto astral que tem participação significativa na história.


Rogério, por sua vez, é um médico misterioso, assinou tantos atestados de óbitos falsos durante o período da ditadura militar que agora não consegue mais viver tranquilamente. O seu passado obscuro lhe atormenta e martiriza a cada dia, não é fácil ignorar tudo o que fez e deixar isso guardado numa gaveta. Afinal, os problemas martelam e sempre estão dispostos a perturbar.


A outra narrativa é a de Santiago, um advogado frustrado com a própria profissão e acrescento que até mesmo com a própria vida, de um modo geral. Resolvi deixar para apresentar ele por último porque sinto que é o personagem que mais se destaca nessa trama e há, portanto, mais pontos a serem debatidos. Em suma, todos os personagens têm que lidar com o seu próprio martírio e esse sentimento de angústia, caos e confusão mental é passado com muita precisão pela autora.


- E quem é você para vir falar de buraco negro? - Seu amigo. O olhar de Vinícius antes de virar as costas e ir embora. Uma fisgada. Uma flecha envenenada. Direto no coração. Desde esse dia, não se falaram mais.


Santiago começa a ter visões de tragédias e acha que está enlouquecendo. Do nada, tudo vai ficando estranho e o personagem fica completamente desnorteado. Em razão disso, ele passa a subestimar sua própria mente com cada vez mais frequência, porque nada do que via parecia ter um sentido lógico. Entretanto, como explicar quando a primeira visão se tornou real? Coincidência? Mas o que fazer quando outra visão também se concretiza?


O leitor é envolvido por todas essas preocupações que passam pela cabeça do Santiago e, muitas vezes, também se sente tão perdido quanto ele. A autora trabalhou muito bem na construção dos personagens, a frisar, do Santiago, e isso faz com que compreendamos a perspectiva dele sobre os acontecimentos. Outrossim, as passagens de tempo, ora passado, ora presente, não confundem a mente do leitor, esse desenvolvimento foi pensado de forma inteligente. Entretanto, ainda friso, você precisa estar sempre atento ou vai ficar sem compreender os detalhes.


''Às vezes, me sinto no epicentro de um terremoto. Ou no meio de um rodamoinho. A qualquer momento serei arrastada para abismos.''

 

Santiago demonstra rotineiramente suas frustrações, seja com as pessoas, com os acontecimentos, com sua profissão, com seu antigo casamento, com a sociedade, com absolutamente tudo. Ele realmente se sente insatisfeito com cada âmbito e essas visões parecem deixá-lo cada vez mais desorientado e sem controle acerca da sua vida.


Discordo com muitas coisas faladas pelo personagem acerca da sua profissão. Também sou advogada e a concepção que tive é que ele não aceita lidar com as consequências de coisas que foram da sua própria escolha. Além disso, nós temos que ser a mudança que queremos. Santiago se frustra com tudo e todos, e as pessoas também se frustram com determinados comportamentos dele, mas isso não é algo que ele pensa. A mencionar, por exemplo, o fato de estar com a pensão alimentícia de suas filhas atrasadas por três meses. Ele, como advogado, deveria saber o quanto isso é prejudicial pra elas e o que isso acarreta, juridicamente. Que feio, doutor! (falo já sabendo que ele reprova esse vocativo também).


Tem dificuldade para se mover. Tudo escurece. E uma borboleta voa no meio ao breu. Azul.


A autora trabalhou o enredo com muita técnica e perspicácia. Compreender como a vida dessas três pessoas tão distintas estão ligadas é algo que você só conseguirá fazer lendo o livro. A confusão acarretada pelas visões é tanta que até o leitor fica tentando entender o que está acontecendo. Uma palavra define o desfecho: surpreendente. Eles nos pega realmente de surpresa. Eu senti falta de mais algumas páginas para explicar a situação, acho que isso deixaria a trama bem fechadinha.


O livro embora esteja no gênero romance, eu acho que vai mais para um suspense, porque a gente fica o tempo todo querendo saber o que vai acontecer. Agora me digam, já conheciam essa obra? 


Não esquece de seguir o blog e me seguir também lá no instagram, meu user é @dearmasen

Beijos!

17/04/2016

Resenha: Um passado sombrio

Título: Um passado sombrio
Autor(a): Peter Straub
Editora: Bertrand Brasil
Número de páginas: 392
Sinopse: O inigualável mestre do horror e do suspense retorna com um livro poderoso e aterrorizante que redefine o gênero de maneira única e inesperada Em 1966, um carismático e astuto guru, de passagem por um campus universitário do Meio-Oeste norte-americano, reúne um restrito grupo de discípulos, entre estudantes de colegial e universitário de fraternidade, num ritual secreto que resulta em um corpo horrivelmente dilacerado, um garoto desaparecido e as almas abaladas de todos os envolvidos. Quarenta anos depois, um escritor de relativo sucesso e amigo de infância da maioria dos garotos que participaram do ritual – além de marido de uma das garotas envolvidas –, sai em busca de informações sobre essa noite aterrorizante, com um projeto de livro em mente. Porém, para consegui-las, precisará não apenas reencontrar antigos colegas com quem perdeu o contato há décadas, mas também incitá-los a reexaminarem os eventos inomináveis que os têm assombrado desde então. Ao revelar as histórias individuais dos membros do grupo, Um Passado Sombrio eletrifica o leitor de maneira arrepiante e imprevisível – e prova que Peter Straub é, indiscutivelmente, um mestre do horror moderno.
 

''Os três princípios são:
Um. Se algum coisa for de graça, pegue-a.
Dois. As outras pessoas existem para você usá-las.
Três. Nada na terra significa ou pode significar qualquer coisa além do que é.''

Heeey, pessoas! Tudo bem? Tem feriado chegando e isso já me deixa duplamente animada. Vi tantos comentários positivos a respeito desse livro, uma sinopse tão convidativa que lá estava eu caindo em seus braços. Me decepcionei, confesso. Numa escala de expectativas de 0 à 10 ouso dizer que acabei ficando no negativo. Pode uma coisa dessas?

''Um passado sombrio'' é um livro que promete, mas infelizmente não cumpre. Imaginei que ficaria louca com o suspense e sentisse até um básico medinho, contudo, em momento nenhum me deparei com nada que me deixasse ao menos de boca aberta. Tempos atrás um carismático guru conquistou jovens curiosos e os recrutou para um misterioso ritual que havia sido tão planejado - abalando por completo a vida de todos aqueles que ali estavam envolvidos. 

O ritual é envolto por um grande mistério. O que teria acontecido ali para possuir fins tão catastróficos? Lee foi o único dos amigos que não se deixou envolver pela astúcia do guru, muito menos possuiu vontade de participar de tal coisa. Amigo dos participantes, é quarenta anos depois que o escritor resolve trazer tudo à tona e desvendar o caos por trás dos temidos acontecimentos.

''Eu gosto do seu ponto de vista. Mallon transformou o mundo, embora por alguns segundos. É bonitinho. Mas não se esqueça de que as únicas pessoas que Mallon conseguiu convencer foram quatro estudantes de ensino médio, dois idiotas e uma garota que estava apaixonada por ele.''

Eu estava era perdida. Em boa parte da leitura eu tentava compreender o que o autor tinha anseio em passar, mas, na verdade, não passava nada. A leitura demorou a chamar, ao menos que um pouquinho, a minha atenção. A narrativa inicial apresentava falta de conteúdo e isso me deixou de cara bem desanimada - esperei aquela coxinha super recheada e me deram um bague bem seco. Brincadeiras à parte, eu virava as páginas de forma incessante, achando sempre que ''era agora''. Mas nunca foi.   

O livro se passa com Lee indo em busca dos pontos de vistas de todos os seus amigos que participaram do ritual, e cada vez que algo era desvendado, mais tudo ficava confuso. Sabe quando uma explicação é passada e, ao invés de clarear, confunde ainda mais? Foi exatamente isso que senti. Não me convenceu.

O evento misterioso foi macabro, era o que todos diziam. O ritual mexeu com o psicológico de todos eles e a vida daqueles estudantes nunca mais seria a mesma. Que terror, prometeram. Okay, mas o que realmente aconteceu naquele dia?  Cada amigo contava o seu relato e eram tantos personagens com pontos de vistas difusos da mesma história que, se duvidar muito, até eu tinha minha parte para contar.

''Howard me disse: As palavras criam liberdade também, e eu acho que são as palavras que vão me salvar. Impressionante, eu achei, já que num certo sentido foram as palavras que o aprisionaram.''

Um livro que, embora não tenha me convencido nem me causado emoção, possui uma construção interessante dos seus personagens. Cada um possui um olhar diferente da mesma história, isso é óbvio, e a confusão existente em suas mentes é bacana. Lemos a narração e percebemos com clareza a explicação de cada um com um ar de ''vi, ouvi, mas não creio''

''Um passado sombrio'' é dotado de um enredo difuso, uma complexidade que não se permitiu ser bem explicada. Fiquei voando em uma grande parte, espero que com vocês a experiência seja melhor. Não tive o terror que quis, mas desejo que cause o mínimo de medinho em vocês.  Essa é a hora de dizer, o que acharam?
28/03/2016

Resenha: Inocência mortal

Título: Inocência mortal
Autor(a): Nora Roberts
Editora: Bertrand Brasil
Número de páginas: 476
Sinopse: A morte do pacato professor de história Craig Foster chocou os colegas da escola de elite onde lecionava, assim como traumatizou de forma irreparável as meninas de apenas dez anos que encontraram o corpo na sala de aula. A tenente Eve Dallas, acostumada a investigar mortes inesperadas, logo percebe que este é um caso de assassinato. O almoço do professor continha um ingrediente fatal: ricina, um poderoso veneno. Enquanto isso, entra em cena Magdelana Purcell, uma loura bela e esbelta, antiga paixão de Roarke, o multimilionário marido da tenente Dallas, da época em que ele atuava do lado errado da lei. Infelizmente, Roarke se mostra cego às óbvias manipulações da estonteante e nada inocente mulher, sensibilizado por sua figura curvilínea e seus flertes incontestáveis. Diante dos próprios problemas, Eve sente dificuldades em se concentrar no caso Foster. Mesmo assim, precisará pôr de lado sua raiva, seu ciúme e sua mágoa, porque a investigação ganhará contornos aterradores depois da ocorrência um segundo assassinato na escola — e isso, mais do que tudo, a levará a becos sem saída.

''Temos um trabalho a realizar, e somos muito boas nisso. Ele deve aproveitar para ver muitos programas de TV agora, porque na cela onde ficará pelo resto da vida não são permitidos aparelhos para entretenimento.''

Para tudo que a resenha do livro bombástico chegou! A grande maioria aqui já sabe, pelo menos eu acredito, que os livros da Nora Robert sempre são incríveis. Eis que aqui está o 24º volume da tão famosa 'Série Mortal' - mais um tiro que super deu certo.

A morte do professor Craig fora algo que deixara todos de queixo caído. Como já era de se esperar, o fatídico acontecimento com esse homem tão bom e calmo movimenta toda a escola de elite, e esse é mais um caso para a tenente Eve Dallas. O leitor aqui se depara com um enredo que NUNCA fica monótono. Temos todas as pitadas necessárias na dose certa e isso prende por completo a atenção. Perfeito, não é?

Eve inicia a investigação com afinco, onde todo e qualquer detalhe deve ser minuciosamente calculado - como sempre é feito, na verdade. Quando acha que uma teoria está confirmada, novas suspeitas aparecem e o trabalho que já estava grande se vê sendo dobrado. Em contrapartida, em meio à todas as grandes suspeitas e investigações, a tenente também se depara com problemas pessoais no casamento, quando uma ex ridícula de Roarke resolve entrar em cena (ah, esse povo que gostar de ir onde não é chamado).

''Eu não igualo casamento com prisão, mas o vejo como uma promessa. Um labirinto de promessas, na verdade. E eu levo as promessas muito a sério.''

A escrita é extremamente acessível e gostosa de ser lida - flui sem problemas - em momento nenhum a leitura fica enfadonha e cansativa. Pelo contrário, os detalhes, bem como as narrativas, são feitas de forma bem elaboradas, deixando tudo equilibrado. É interessante isso, porque você se encontra investigando junto, ansiando cada vez mais por informações, querendo desvendar o motivo de cada coisa.

''Inocência mortal'' é aquele tipo de história que, mesmo depois de terminada, quem leu fica com ela na cabeça, repassando todo o ocorrido. Tem coisa melhor do que a fuga dos clichês num suspense assim? Ou melhor ainda, se pegar lendo com aquela expressão de ''Eu nunca imaginaria isso?''. 

Em meio ao caos de um assassinato sem nenhum motivo aparente, inseguranças no seu relacionamento, temos uma história fantástica que deixa o leitor de queixo caído. Acreditem, é suspeita em cima de suspeita e quando pensa que está quase na resolução, vai se dar conta que não chegou nem na metade do caminho. Surpreendente! Essa poderia ser uma ótima definição para esse livro.

A capa segue a mesma linha dos demais. Na maioria das vezes, menos é mais, cada parte é de extrema importância (não deixa nada passar despercebido. A diagramação também se encontra excelente e não encontrei um só errinho na revisão. 

''- Quem acreditaria em mim?
- Eu acredito.'' 

Antes que eu esqueça, um adendo: Faça tudo o que tiver de fazer antes de iniciar essa leitura, porque assim como a tenente fica quando pega um novo caso, você também não vai conseguir parar até chegar ao fim. Preparados?
26/03/2016

Jamais esqueceria quem um dia ele foi.

imagem: pinterest

Respirei fundo diversas vezes em uma tentativa falha de me acalmar. Podia repetir mil vezes, mas minha mente se encontrava inútil para processar algo. Não, você não quis dizer aquilo. Qual é? Essa reviravolta quase me derruba do espaço, garoto.

Mantive meus pés no chão, não nego, mas ao redor posso jurar que tudo havia sumido. Me destrocei por dentro achando que ia desfalecer, porém, meu querido, o sorriso que eu esbanjava era tão grande que, por pouco, até quase acreditei. Algumas coisas não batem, já sei, tampouco foram feitas para dar certo, mas me diz bem alto onde foi que o trilho desandou.

Fugi de quem exigia satisfações, ninguém tinha nada a ver com nós dois. Metade de mim gritava e a outra metade também já estava em desespero. Os dedos tremiam mostrando o nervosismo que queria esconder, mas ainda assim era aí com você que eu desejava estar.

Quando a gente acha que está quase lá, a tapa da vida vem com força exclamando que vai começar tudo de novo. Cuidado, algumas mudanças quebram fronteiras, mas outras são capazes de construir grandes paredes. Talvez ele não lembrasse mais quem ele era, mas eu jamais esqueceria quem um dia ele foi.
27/09/2015

Resenha: Sempre

Título: Sempre
Autor(a): J. M. Darhower
Editora: Universo dos livros
Número de páginas: 544
Sinopse: Haven Antonelli e Carmine DeMarco cresceram em mundos completamente diferentes. Haven é uma adolescente de 17 anos que nunca conheceu a liberdade. Desde a infância, ela e sua mãe são escravas, vítimas de uma rede de tráfico humano. Carmine, nascido em uma família rica da máfia, viveu uma vida de privilégios e excessos. Agora, uma reviravolta do destino faz com que seus caminhos se cruzem. Apesar das diferenças aparentes, algo mais sutil os une. E da tênue amizade entre os dois floresce uma paixão inesperada e arrebatadora. Enredados numa teia de segredos e mentiras, em que o poder e o dinheiro ditam o jogo, o jovem casal logo percebe que é preciso se sacrificar para conquistar a liberdade e o direito ao amor...
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''Colpo di fulmine, uma expressão italiana cujo significado era algo como “raio fulminante”. É quando o amor invade o coração de alguém, como um relâmpago, e de modo tão intenso que não pode ser negado. É lindo, mas ao mesmo tempo complicado, abrir seu coração e revelar sua alma para o mundo todo. Essa sensação é capaz de virar uma pessoa do avesso, e não há como voltar para trás. Depois que o raio cai, sua vida muda radicalmente.''
Queria logo começar perguntando: Vocês sabiam que esse livro inicialmente era uma fanfic de Crepúsculo? Pois bem, eu lia essa história no tempo em que ela ainda era um bebê e se chamava Emancipation Proclamation. A autora havia concluído a história e depois a removeu da internet - avisando que viraria livro e que muita coisa seria mudada. Ainda enquanto fic, proibiu a tradução para outras línguas (quem quisesse ler teria que fazer isso pela versão original, em inglês). Bem, quem é por dentro do mundo das fics sabe que isso acontece demais, que encontramos várias em que as autoras permitem que sejam repassadas e traduzidas.

Conforme contei aí em cima, Sempre inicialmente era uma fanfic - e possuía um enredo muito incrível, obrigada! Assim que vi que o livro havia chegado ao Brasil fiquei louca pra ler (mesmo já sabendo do que se tratava). Obviamente não podia deixar de fazer comparação com a fanfic - mas isso é algo que trarei mais a tona no final da resenha. Agora vou apenas focar no livro, okay?

Sempre é um livro que possui um enredo recheado de mistério e complexidade, você tem que fazer a leitura com muita atenção porque senão ficará perdido na história e deixará várias peças voando soltas - peças estas que são essenciais para o desenrolar dos seus mistérios. Haven é uma escrava que nasceu em meio a um deserto num tremendo caos, sua vida é repleta de dor e não se consegue achar um fio de luz em meio a tamanhas coisas aterrorizantes. Sua vida dá uma tremenda reviravolta quando cruza com a de Carmine, filho do seu novo mestre - dono da nova casa em que ela irá trabalhar.

A história foge por completo de todo o clichê e é super interessante a forma como a autora consegue construir um romance no meio de tanta confusão e complexidade. Esperança é uma coisa que Haven desconhece por completo, uma vida repleta de tanta monstruosidade deixou-a desacreditada de tudo - se é que podia chamar aquilo de vida. Carmine, nascido numa família rica, sempre cheio de gostos e privilégios, também guarda consigo traumas do passado. Poderia um ser a cura do outro?
Minha mãe costumava falar sobre o destino, e acho que você representa o meu… Você é o meu destino. Você foi trazida a mim por uma razão; para que nós salvássemos um ao outro. Você não era a única que precisava ser salva, Haven. Eu estava me afogando e você me estendeu a mão; Me salvou.
A autora teve a ótima capacidade de encaixar perfeitamente cada detalhe, não deixar nada sem resposta. Ao ler o livro, vi que muitas partes da história original foram deixadas de lado, e isso me fez pensar que quem não leu a fanfic não iria conseguir compreender certos detalhes. Tem muito drama, mistério, e uma construção do amor e da esperança que é maravilhoso de ser vista. O leitor analisa uma evolução dos sentimentos, da cumplicidade e confiança, que é algo fantástico.

Outro ponto importante é o quão bem os personagens foram construídos - você se depara com as mais diversas personalidades que te permite entrar na mente deles e compreender melhor as situações. Como sempre, não gosto muito de falar a respeito da história, creio que revelar numa resenha o suspense por trás das linhas não é algo agradável para quem ainda irá ler o livro. 

Vi muitos comentários a respeito dizendo que o livro era um tanto pesado e tudo mais. Obviamente o tema é um pouco pesado, tráfico de pessoas, máfia, abusos físicos e psicológicos realmente é um horror, mas a autora abordou isso de uma forma mais amena - não desfazendo da seriedade do assunto, mas transmitindo-o de uma forma mais calma, pelo menos ficou assim na minha concepção.
– Ou você pode escolher se arriscar. – continuou – Sei que traz isso dentro de você. Não posso lhe prometer que conseguirá tudo o que quer da vida, mas lhe asseguro que nada irá mudar se você não tentar.
Se a leitura é recomendada? Claro que sim! Têm cenas pesadas, tem suspense, mas também tem o Carmine aprendendo com a vida e querendo  proteger a Haven dos problemas do mundo inteiro. Essa história é daquelas que dá um certo ciúme porque você já conhecia e a acompanhava enquanto ela ainda estava em construção e nem era conhecida. No meu caso, pelo menos. Acompanhava postagens no fanfiction.net, gente!

Eu sinto pelos que leram o livro e não tiveram a oportunidade de ler a fanfic. Quando fanfic o tema era tratado de forma ainda mais real, sem poupar detalhes. As cenas eram nuas e cruas, o Carmine era bem mais intenso e a visão de tudo era bem mais ampla. Acredito que, para tornar livro, a autora tenha dado uma suavizada e deixado as coisas mais leves. Sempre é maravilhoso demais, mas a essência que tinha em Emancipation Proclamation foi deixada pra trás e perdeu um um monte do seu brilho. Contudo, a leitura ainda é recomendada, viu? E aguarda que tem continuação.
21/09/2015

Eis que você lembrou. Eu esqueci.

 imagem: pinterest

Eu queria te lembrar dos momentos lindos, daqueles bilhetes trocados, das risadas bobas, dos pulos na beira da praia, do filme sem sentido que vimos naquele dia, de quando você pediu meu número e de quando liguei para o seu. Eu queria te lembrar de quando rimos daquela piada sem graça, das baboseiras que víamos nas ruas, das  vezes que eu tinha medo e você me acolhia, de quando você tinha receio e eu te abrandava e sorria.

Eu queria te lembrar da nossa primeira conversa, de quando você me chamava de vida e eu fazia de você a minha, de quando você chegou no meio da madrugada, daquele telefonema no momento em que o outro mais precisava. Eu queria te lembrar de quando eu te acalmava por causa dos ciúmes ou de quando você ria da minha cara de brava quando eu ficava. Queria te lembrar quando a gente fazia de cada segundo milhares de horas, quando a gente se virava em mil pra arranjar um mínimo segundo.

Eu queria te lembrar. Me esforçava e fazia de tudo. Eu queria te lembrar. Me perguntava como uma pessoa podia agir como se nada tivesse acontecido. Eu queria te lembrar. Achava que alguma coisa havia acontecido com você. Eu queria te lembrar. Aquele montante de planos para o futuro haviam sido feitos apenas por mim?

Demorou, os pensamentos já estavam vagos e em algum momento de um dia qualquer eu resolvi que cansei. Pulei uma onda e outra, deixei o vento soprar para onde ele bem quisesse e resolvi parar de recordar. Coloquei lembranças novas em cima das velhas, e agora rio quando lembro de tudo. Eis que você lembrou. Eu esqueci.
28/08/2015

Esses dias eu andei pensando...

imagem: pinterest 
Esses dias eu andei pensando no nosso passado. Andei pensando em quem eu era quando estava com você. Andei pensando na probabilidade de um telefonema, andei pensando na reação de uma ínfima mensagem ou até mesmo nos pensamentos que quase matam de uma aparição inesperada. Isso, tecnicamente, não seria sobre nós. Seria?

Um outro dia eu já havia mudado o pensamento. Andei me perguntando se você pensava no nosso passado. Andei pensando em quem você era quando estava comigo. Andei pensando se nunca tivesse tido telefonemas, andei pensando se o coração não batesse mais forte por aquela mensagem ou até mesmo se não houvesse a aparição inesperada quando a gente mais precisava. Isso, tecnicamente, não seria sobre nós. Seria?

Se formos pensar demais vamos acabar enlouquecendo, sabe? Parece que a vida te pega, aperta e, só depois de você estar bem esmagado, é que ela te solta e mostra que a leveza de tudo só dependia de você mesmo. Como se cada pessoa fizesse a sua própria prisão. Ela está sempre te sacudindo, dando certos sustos, porque dessa forma, quem sabe, entre um empurrão e outro, finalmente encaixe aquela peça que estava dando tanto trabalho para encontrar seu lugar.
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